27 janeiro 2013

Fiz o que pude, até onde deu

Tentei até onde pude. Me fiz de forte, de sabichona. Nada adiantou. Quando o terremoto veio minha casa desabou igual todas as outras, das mais frágeis as mais robustas. Tudo virou caco, desmoronou. Agora contemplo o caos das coisas destruídas, das manchas erguidas, do sol que não se foi junto com todo o resto que o desastre me levou. Foram embora alguns sonhos, um grande amor, uma parte da família, meus bens materiais. Perdi o que me dava referência e me abria o sorriso, assim como perdi o tino, a toada e as rimas todas. Me perdi de mim. E agora vago sem rumo, procurando novas roupas que me sirvam e a energia que me falta para construir de novo o que o vento levou. Paulinha

01 junho 2012

Muito amor

Hoje me fizeram chorar. E isso, ao contrário do que possa parecer, não foi ruim. Foi um choro de saudade e de amor. Dos que passaram por mim - amigos e parentes que já se foram daqui nas mãos da morte - e do amor que sinto pelos que ainda dividem comigo as dores e os prazeres da existência. Me falaram de carinho, cumplicidade, verdade. Assuntos que permeiam meus interesses desde que adquiri consciência em debatê-los. E me deixou pensando em como a vida é rápida e do quão importante é gritar aos quatro ventos que os amigos são nosso bem mais precioso. Vim aqui desabafar esse turbilhão emocional que se formou com declarações explícitas de carinho e amor recebidas e declarar publicamente que não seria nada sem aqueles que me amam. E, saibam, que o amor é a única coisa que quando mais dividimos, mais multiplicamos. Contraria a matemática, o mal humor, a tristeza. Portanto, nessa sexta-feira um tanto cinza aqui em São Paulo, diga às pessoas o quanto você as ama. Seu dia ficará melhor e sua vida, mais completa.

08 fevereiro 2012

Cotidianices

A babá derramou o leite do bebê bem em cima do tapete. Ai...

A empregada quis fazer um bolo, errou a receita e defumou a casa. Ai...

O André teve aula de futebol, dividiu a bola com o amiguinho e quebrou o dedo. Ai...

O pai do André foi lá buscar o menino no hospital e perdeu a reunião. Ai...

A Flávia ficou no balé esperando o pai que ia buscá-la, mas acabou se atrapalhando
salvando o André. Ai...

A mãe foi lá e pegou a Flávia de bico. Ai...

Dormir e acordar bem cedo porque o André tem prova. Perdi a hora! Ai...

Comecei um curso novo e já perdi duas aulas. Ai...

A babá ficou doente e agora sou apenas eu e mim mesma. Ai...

06 janeiro 2012

e aí, os amigos se vão...

Uma reforma íntima. De repente, aqueles com quem você tinha a maior consideração, para quem mandava recados e lembranças, perguntava e se interessava pela vida, deixam de fazer sentido.

Começa aos poucos. Você vai a uma festa e não tem assunto além das frivolidades de praxe. Reconhece que ele gosta mesmo é de falar de suas conquistas materiais, de seus diplomas e cursos, do glamour de sua vida normal. É, aquela vidinha classe média paulistana que a maioria dos meus sabe bem o que é.

Eles gostam também de falar mal das pessoas. Tenho preguiça de gente assim. Que se preocupa mais com o que o alheio faz do que com a qualidade da comida que come.

Enfim. Fiquei triste em verificar que pessoas um dia importantes para mim já não dizem mais nada. E eu não quero mais saber. Não posso evitar que uma vaga ideia de rancor se aposse de mim nesses momentos. "Puxa, dei o meu melhor para fulano e ele não está nem aí para mim".

Acontece. Comigo, contigo, com todo mundo. O lado bom dessa questão é que, assim como amigos antes aclamados tornam-se ecos sem sentido na sua existência, outros chegam e renovam no nosso íntimo os laços de amor e companheirismo que nos fazem tão bem, nos deixam felizes e nos unem a quem temos laços em comum, de acordo com a fase da vida.

Uns ficam eternamente. Mas são poucos. E, por isso, disse o poeta há muito tempo:
"Se nessa vida, quando você morrer, tiver ao seu lado cinco amigos fiéis, você teve uma existência exemplar"

05 janeiro 2012

começamos o ano do fim do mundo (mais um)

2012 finalmente chegou. Digo isso porque 2011 foi um período muito complicado para mim. Um ano difícil, cheio de reviravoltas, em que me perdi e não me encontrei. Resolvi ficar à deriva e seguir com o vento. O que virá semeará novas histórias e contos para minha vida.

Abandonei as promessas de ano novo, os pedidos para santos e deuses, nem ondinhas pulei. Na hora, de frente ao mar, desisti. Quero começar um ano sem expectativas.

Talvez o fato mais aguardado nesse 2012 seja o dia do fim do mundo, em 21 de dezembro, segundo os Maias. Tentando ser menos mística e mais séria, diria que vamos passar por mais uma prova de adaptação e sobrevivência. O planeta vai mudar de lugar, podemos ou não ser sugados pelo sol com isso. Nem os cientistas chegam a um acordo sobre a questão.

Tostados pelo calor solar ou abandonados na galáxia, soltos à própria sorte, a Terra tão amada por poucos e tão mutilada por muitos vai se reinventar. E, é pela reinvenção do mundo que quero celebrar.

Que 2012 seja um ano de boas surpresas. Isso é tudo que quero desejar.

27 dezembro 2011

Nada se leva?

Se da vida nada se leva
Então força é algo para não se cultivar
Não vamos ter nada para levantar
Nem precisamos juntar os pedaços

Se da vida nada se leva
Porque fico eu a pensar
Que eu quero conquistas e prêmios
Quando tudo isso vai ficar

Se da vida nada se leva
Eis a inutilidade de pensar
Nem as ideias nem a cabeça
Permanecerão nesse lugar

Se da vida nada se leva
Não faz sentido ficar
E para onde ir é que não me disseram
Nem indicaram quando é hora de parar

21 dezembro 2011

De amor e de botequim se faz a vida

Meu local de filosofia preferido
Os bancos desconfortáveis
As cadeiras que machucam as costas
Mesas bambas

Nem me venha com bares da moda
E cortinas coloridas e lustres modernos
Balcões com bebidas coloridas
E ambiente com ar austero

Para pensar na vida o melhor é o boteco
Com variações de botequim, bar e inferno
Bem sujo ou mais autêntico
O que importa é o que tem dentro

O garçom deve sorrir ao te receber
E sempre trazer uma cerveja gelada para te convencer
Que vale a pena voltar sempre
Sempre que uma dor de cotovelo começar a doer

Ambiente depressivo
Para combinar com a dor de quem perdeu um amor
Um emprego, um simples concerto ou a arte de sonhar

Ambiente de bêbados
Sempre sinceros no seu caminhar
Sempre ligeiros no mandar um "vai se catar"
Sempre prontos a parar e recomeçar...

... a beber! e a filosofar.
Isso é coisa de boteco:
Pensar na vida e em suas artimanhas
Criar verdades absolutas que nunca serão seguidas
Só para melhorar a vida.